Quem sou?
Sou simples, simpática e prestável. Não me considero uma pessoa muito social pois não tenho o dom de fazer conversa de circunstância.
Trabalhei quase toda a minha vida em massagem terapêutica e osteopatia.
O que os anos e a experiência a tratar pessoas me mostraram, foi que a maioria das disfunções musculares e articulares que as pessoas trazem, começaram por pequenas lesões às quais não foi dada a devida importância, não sendo por isso tratadas.
Uma pequena dor muscular é normalmente ignorada ou escondida com um anti-inflamatório, a lesão mantém-se e o comportamento que a originou mantém-se também. E temos o efeito de bola de neve, o que era micro passa a macro e os problemas surgem de um movimento mais brusco que fizemos, ou uma dor que se manifesta sem razão aparente.
Quando as dores passam a ser mais intensas e regulares, passamos a prestar atenção e tratamos. Mas não basta tratar a lesão, é necessário reeducar todo o sistema muscular e articular do corpo, de forma a podermos ter uma vida plenamente funcional.
Diz-se por vezes que as pessoas sofrem no corpo, aquilo que não conseguem resolver na alma. Isto é em parte verdade, existem dores psico-somáticas, mas a realidade é que na maioria das vezes, se não existir uma lesão escondida a dor não surge. O estado emocional influencia a tensão ou relaxamento dos músculos do corpo, e muitas emoções nefastas criam stress muscular que por sua vez vai interferir no bom funcionamento articular, dando origem à dor e restrição do movimento.
Desde que me lembro, sempre tive uma hiperlordose (curvatura mais acentuada) lombar e comecei a sofrer de dores nas costas e a sentir os braços e as pernas dormentes a partir dos 17 anos. Foram muitos anos de sofrimento.
A descoberta do Qi Gong caiu que nem uma luva, era exactamente o que eu precisava. Nunca fui grande praticante de exercício físico, mas a calma com que os exercícios são feitos, a atenção ao movimento do corpo e à respiração, e a paz que isso nos transmite, foram suficientes para me cativar, além de que, as dores reduziram de forma drástica. Já não posso viver sem Qi Gong.
A minha prática diária baseia-se em alguns alongamentos, exercícios de Qi Gong e algumas posturas estáticas em que faço meditação. Sofro menos de ansiedade, já consigo dar mais atenção ao momento presente e o mais importante para mim, viver sem dores. Acordar de manhã e conseguir levantar-me sem dores no corpo é a grande recompensa e isso dá outra cor e outra luz ao dia.
É muito difícil sentirmo-nos gratos, felizes ou bem dispostos quando sentimos dor.
O meu primeiro contacto com o Qi Gong foi em 2008, participei nalguns cursos e workshops em Portugal e decidi tirar a formação profissional em França, com o objectivo de ensinar aos meus clientes, de forma a terem menos dores no corpo e cuidarem melhor deles próprios.
Fiz um ano de formação com o Philippe Aspe da École du Centre Tao em Tours, e depois mudei para aprender com o mestre dele, o Mestre Jian Liujun no Instituto Quimetao em Paris.
Dei aulas em França durante um ano e tenho dado em Portugal desde 2015, tenho alunos de todas as idades e trabalho muito com idosos.
Eu estou a partilhar e a ensinar formas simples de Qi Gong porque são fáceis de fazer e ajudam muito quem sofre ansiedade ou dorme mal, tem dores no corpo ou mobilidade reduzida. Qualquer pessoa pode praticar e cada um adapta os exercícios à sua condição física ou ao seu objetivo.
É uma prática seriamente regulamentada pelo governo Chinês e tem vindo a comprovar-se um ajudante poderoso para restabelecer a saúde.
O meu objectivo é que cada um possa aprender o suficiente para ter autonomia e poder praticar uma actividade física sem necessitar de ninguém. Poder praticar de acordo com o tempo disponível, focar-se na sua situação e alterar a sua prática quando a situação mudar.
Os exercícios de Qi Gong, apesar de simples e suaves, ajudam realmente a relaxar o corpo, fortalecem os músculos e melhoram toda a estrutura articular. Além de que estimulam e equilibram o fluxo de energia nos meridianos e no corpo e aumentam a nossa vitalidade.
E é a forma mais fácil de começar a meditar e a conhecer o que se passa dentro de nós.
Quem nunca fez meditação, no início sente muita dificuldade. Parece que todo o corpo conspira para não conseguirmos: dói aqui, comichão ali, ai que não estou bem assim, tenho as costas tortas, vou parar, não consigo fazer isto! Que sacrifício!
Com os exercícios calmos do Qi Gong é muito fácil, fazem-se pequenas paragens de alguns segundos entre os vários exercícios, respira-se e presta-se atenção ao corpo… e começa-se com o exercício seguinte… paramos, meditamos por um minuto e não custa nada.
Os principais focos do Qi Gong são a respiração, o movimento, a concentração e o relaxamento do corpo… enquanto se fazem os exercícios, não há espaço para pensar nos problemas e é como se fizéssemos uma limpeza à alma. Sentimo-nos leves, com o corpo solto e vivo. Vivemos o momento presente, que na realidade, é a única coisa que temos.
Eu entrei no Qi Gong pela paz de espírito que me trouxe e porque era a solução para as minhas dores, mas encontrei um pouco mais… nos momentos em que estou a praticar sozinha, sinto mais intensa a minha ligação com aquela energia viva que flui dentro de mim – a Vida, o Universo, a Fonte ou Deus – como quiseres chamar.
Um dia destes experimenta, repete algumas vezes… e depois diz-me como te sentes!