A Meditação Wuji

Imagem do universo

Esta é uma Meditação muito utilizada nas aulas de Qi Gong. Pode ser feita antes da prática, no final ou entre os vários movimentos. Não precisas ser praticante de Qi Gong para beneficiar dos seus efeitos, ao longo do dia, quando tiveres uns minutos disponíveis podes aproveitar. É uma prática que estimula a energia do teu corpo e órgãos, dá-te paz imediata e te liga com o teu eu interno, com o ambiente circundante e com o momento presente.

Como praticar Wuji

A postura adequada para praticar Wu Ji é de pé com os pés afastados a uma distância igual à largura dos ombros ou alinhados com as ancas.

A pelve em ligeira retroversão - quando basculamos a bacia (parte superior para trás e parte de baixo para a frente) os joelhos ficam soltos e a coluna lombar fica ligeiramente aberta permitindo que o fluxo de energia se faça mais facilmente.

O peito retrai um pouco de forma a que os ombros fiquem ligeiramente rodados para a frente e os braços estendidos ao longo do corpo. 

A cabeça está direita como se fosse puxada por um fio vindo do céu com o mento (queixo) também ligeiramente retraído.

Tenta encontrar uma posição em que te seja possível manter o corpo descontraído e relaxado, mas de forma a que não fiques mole. Por exemplo, os dedos das mãos estão descontraídos mas apontam para o chão, a cabeça está descontraída mas direita. 

Distribui bem o peso do corpo por toda a planta do pé. Se sentires que o peso do corpo está a vir para os calcanhares é porque estás a inclinar-te para trás e o mesmo acontece para a frente.

A ideia é manter o corpo bem direito e centrado. Vê-se muito por aí, nas práticas de exercícios de Qi Gong e posturas de árvore os corpos inclinados para trás devido à báscula da pelve, pode-se contrariar essa tendência inclinando ligeiramente o tronco para a frente. Para o corpo se manter direito temos que encontrar o nosso centro, alinhar com o céu e a terra.

Não inclines para trás

A inclinação para trás fecha as vértebras e o fluxo de energia é interrompido. 

A Respiração

Agora que o corpo está numa posição que te permite descontrair vais prestar atenção à respiração e tentar manter o contacto com a respiração durante todo o exercício.

Concentra-te em Dan Tian (região abaixo do umbigo), quando inspiras o teu ventre dilata e quando expiras o teu ventre contrai. Como se tivesses um balão que enche e despeja o ar.

Respira com suavidade e sem forçar. Tenta alongar um pouco a inspiração.

Se for mais fácil conta até 4 na inspiração e depois até 4 na expiração.

De seguida podes tentar fazer uma pausa entre as inspirações e expirações. Inspira conta 4, faz a pausa enquanto contas até 2, expira e conta 4, pausa conta 2. Vai fazendo.

Quando a respiração estiver calma e regular e sem perder o contacto com a respiração, vais também concentrar-te na imobilidade do corpo, tenta atingir um estado de imobilidade absoluta. Não cries tensão no corpo, a melhor maneira é concentrares-te de tal forma na respiração e na imobilidade, que sentes como se fosses uno com o universo, todo o teu corpo respira e absorve tudo ao seu redor.

Mente Calma

Agora que a tua atenção está na respiração calma e na imobilidade do corpo, foca o teu olhar num ponto preciso. Escolhe um ponto um pouco abaixo da linha do horizonte para que possas descontrair as pálpebras e pestanejar o mínimo possível. É um olhar vago, os teus olhos estão pousados naquele ponto, mas não estão a observar nada. 

Se perderes o contacto com a respiração e com o corpo, volta e continua a respirar pausadamente com o corpo parado, o teu olhar repousa e a mente acalma. Se surgirem pensamentos deixa-os partir e volta para ti, para o teu corpo e para a respiração.

Sorriso Brilhante

Deixa que um ligeiro sorriso aflore os teus lábios, suave. Um sorriso tímido que se estende até aos olhos e os ilumina. Permite que esse sorrir vá inundando todo o teu rosto e corpo. Esse é um sorriso de amor, é a luz do Universo que brilha em ti e através de ti, deixa-a revelar-se e espalhar-se por tudo ao teu redor.

Agora manténs a tua atenção na tua respiração, na imobilidade do teu corpo, no teu olhar que repousa e no teu sorriso que te ilumina.

As Sensações

Apercebe-te das sensações internas que surgem no teu corpo, se sentes dor ou desconforto… se tens calor ou frio, formigueiros, comichão…

A tua atenção passa para as sensações externas, para os sentidos: se estás no interior as correntes de ar, no exterior a brisa, a temperatura. Os cheiros, os ruídos próximos e distantes… 

O olhar periférico… tudo o que se passa ao teu redor é apercebido pelos  teus sentidos sem que dês especial atenção seja ao que for.

E continuas a manter a tua atenção na respiração calma e regular, na imobilidade do corpo, na mente que está calma, no teu sorriso amoroso que te ilumina e a tudo à tua volta, nas sensações do teu mundo interno e do mundo ao teu redor. 

E fica um pouco, a viver esse momento de paz e união com o Universo, o Tao, o eu eterno.

Para Terminar

Para terminar abres os dois braços lateralmente, inspiras levando as mãos ao céu e imagina que captas a energia pura do cosmos. Ao expirar as mãos descem desde o topo da cabeça até à região do Dan Tian e enquanto vão descendo é como se tomasses um duche dessa energia e absorvesses cada partícula desde o topo da cabeça até aos pés.

Boa Prática!

Anterior
Anterior

Ba Duan Jin

Próximo
Próximo

Inundar o Corpo de Qi